abertura instantânea

Uma das coisas que tinha saudades é de ouvir as conversas das pessoas na rua, no autocarro, nos caminhos e nas filas sempre que lhes dá um ataque de queixa ou de nostalgia que digamos que é muito frequente. Já que o Xinamarquês faz de mim uma pessoa muito mais correcta e menos curiosa pois não ando por aí a ouvir as conversas dos outros! Pois em plena esplanada encerrada do Barbas, uma fila de velhotes tal como lagartos ao sol a aproveitarem os raios preciosos de dezembro, e eu deliciada a ouvir tudo o que podia. Então não é que uns se queixavam que no Natal havia monstros que deixavam os velhotes sozinhos nos hospitais, porque não os queriam levar para casa, e que havia filas e filas de velhotes nos corredores já com alta à espera de família que nunca chegava. Fiquei triste de ouvir aquilo, e acho que não me convenceram, não acredito mesmo naquela maldicência, e não tive coragem para perguntar as fontes daquela senhora mal amada. Mas fez-me lembrar que esta época se calhar tem mais de tristezas do que alegrias. As tristezas da família ou amigos que não existem... ou que já foram... vêm ao de cima, as saudades são mais dolorosas. Enfim, mas valem a pena se implicarem mudança de atitude de vida de mudar o que está errado para que no próximo natal haja aquilo que é prometido pelas imagens de neve, família, alegria e compaixão.

Fechado para festas

Venho anunciar interrupção das actividades de construção das arcadas das escrevinhices por motivos óbvios de actividades paralelas sobrepostas e acumuladas. Justificação: Agenda repleta de uma emigrante saudosa e cabeça baralhada de tanta informação.

Toda a Mafalda

Não percam a novíssima edição saída hoje nas bancas dos 25 anos de Mafalda. Toda a Mafalda, será uma edição de sucesso a seguir aos anteriormente publicados de 24, 23, 22, 21....
Aqui se verão em pequenas bandas desenhadas episódeos hilariantes ou talvez não, de uma vida para ser vivida e divertida. Quem é que já caiu num lago de uma discoteca em pleno inverno sem ter bebido uma gota de alcóol, quem é que já acordou misteriosamente no quarto ao lado do hotel sem saber como lá foi parar, quem tem mais a cabeça nas núvens e a flutuar. Tudo isto e muito mais nos 25 anos de Mafalda.

De volta!

Ser incadiada pelo sol ainda dentro do aviao, sair sem os habituais inseparáveis amigos luvas, cachecol e companhia. Ouvir um palrar conhecido. Não sentir estranheza, abraços bons, parece q a vida de Copenhaga é só um sonho e aqui voltei à realidade e à minha própria vida.

odisseia ciclista

Neve é bonito e tudo mais, bicicleta ainda mais... andar por aí de bicicleta é tao bom, é saudável, e bom para o ambiente. Mas agora a odissea de todos os dias de pegar na bicicleta é mais ou menos assim: Abre cadeado, com forca que está sempre enferrujado. Poe luz da frente, a luz da frente cai ao chao, pilhas espalhadas, e como está sempre escuro... rabo para o ar. Poe luz de trás. Mete luvas. O banco está molhado, mete proteccao de banco. OK, já passaram dez minutos, quem disse que a bicicleta é o meio de transporte mais rápido?!?! Monta bicicleta, vamos embora. Olha o supermercado, sai da bina, tira gorro, tira luvas, apanha luvas do chao, tira mala, poe cadeado, tira luzes, agora onde é que eu ponho luvas, luzes e gorro que vai estar um calorao no supermercado.
Bem vindo à terra onde perneiras, botas altas e gorro nao sao para dar estilo, sao mesmo indespensáveis. E acima de tudo, um grande empecilho à vida quotidiana.

Do lado certo!

Espero que os habitantes Almadenses reconhecam este famoso slogan, para os que vivem do outro lado, que afinal é o outro mas também o certo. Certinho perto da praia, do belo Pragal e de outras maravilhas naturais ou assim assim. Pois aqui na Dinamarca, do outro lado da ponte está a Suécia, à distancia de 40 minutos suficientemente curta para ser percorrida todos os dias para cá e para lá. Já viram a chiqueza? trabalhar na Dinamarca e viver na Suécia! Isto está, se calhar, apenas ao alcance de quem vive em Elvas e trabalha em Badajoz. Por isso quem me vem visitar pode ter o prazer de conhecer nao uma pérola do Norte, mas sim duas, duas maravilhosas cidades nórdicas com os seus flocos de neve, saunas e demais atraccoes.
Venho já, vou só dar um pulinho ali à Suécia.

Luvas na lingua

De vez em quando ganhamos assim de repente luvas na lingua. Perde-se a sensibilidade do que é suposto nao dizer na hora errada de um dia qualquer e já está... pessoa aleijada devido à nossa língua de luvas assassina. Assim como quando está frio e as luvas grossas nao permitem encontrar as chaves no fundo da mala… Esta luva cobre a capacidade do cuidado no dizer. A insensibilidade de lingua pode até ser permanente ou nao, conforme o estado de frieza adquirida. Por isso cuidado, utilizacao de luvas com moderacao e só nas maos.

Lista de Natal

Descobri que estou num beco sem saída. Impossível de resolver... Se viver aqui morro de saudades da minha família... e falta sempre uma grande parte de mim, se viver em Portugal perco muitas coisas boas daqui. Por isso este Natal quero uma reorganizacao geográfica na Europa. Os subúrbios de Lisboa sao tao mal organizados e feios, por isso Copenhaga passaria a ser o novo subúrbio Lisboeta, assim mesmo à mao de uma visita, e até nem me importava de ter de enfrentar a terrorífica IC19. Nao vou pedir mais nada... e por favor juntem-se todos: conhecidos e desconhecidos, amigos e familiares, políticos e Pais Natais e deem-me esta prenda que até pode ser de anos (25) e Natal.

Ainda mais a Sul

Farto-me de rir montes de vezes com o meu colega de secretária que é da Tanzânia. Se para mim tanta organizacao faz confusao... imagino para ele. Lembro-me de quando ele comecou a receber cartas de seguida a dizerem que tinha obrigacao de pôr as suas criancas na escola. Ele só estava a pensar ficar menos de um ano, e os míudos sao pequenos, um tem 4 outro 6, entao nem se queria chatear com isso porque a mulher estava em casa a tomar conta dos rebentos. Mas as cartas comecaram a ser mais e mais agressivas, invocando os direitos das criancas e a obrigacao dos pais os porem na escola. Hoje lá vao eles às 8 da manha, dominam o Dinamarquês e ensinam aos pais. Mas o novo motivo de risota é que telefonam da escola pelo menos uma vez por semana a dizer ao John para ir buscar um dos míudos porque está doente, nao come e está mole. Ora pois, os educadores nao devem imaginar que uma familia Tanzaniana tem haveres sociais e ás vezes os petizes deitam-se mais tarde que as 8 horas e no outro dia estao um bocadinho cansados, ficam logo rotulados de doentes e fontes de infeccao possíveis.
O motivo de alegria maior para o John é quando combina alguma coisa com um Dinamarquês e há um atraso devido ao nórdico. Ele comeca logo a rir-se e dizer que afinal ele se tinha treinado tanto tempo para ser pontual, afinal nao era bem assim...

É o joguinho pró menino e prá menina...

Este fim de semana constatei que nunca joguei tanto na vida como tenho feito nestes últimos tempos. Lembro-me de ser pequena e ficar sempre em pulgas para a próxima festa em que havia gente suficiente para se poder jogar Monopólio, as longas tardes na praia com cartas, ou ainda já mais velha ir dormir a casa de uma amiga e ficar em segredo até ás 4 da manha a jogar toda a variedade da sua invejável coleccao de jogos bem armazenados debaixo da cama. Depois essa febre passou-me durante muitos e bons anos, em que fugia de qualquer jogo de cartas que me fosse oferecido participar. Mas agora nao há hipótese... o raio dos Dinamarqueses têem joguinho em qualquer hora em qualquer ocasiao. Se se está mais do que uma hora em casa de uma pessoa, quando a conversa já está a aquecer passa-se logo para o tal joguinho. Seja Trivial, Beans, Guilhotina, Flux, qualquer coisa. Pois ontem experimentei o terrível Trivial Pursuit edicao Anos 80. Se fosse a edicao Portuguesa eu de certeza iria delirar... em que ano foi lancada a bota botilde ou quem apresentava o Clube amigos Disney. Mas era a edicao dinamarquesa... yupi yupi... maravilhosas duas horas de cultura interessantemente inútil! Apesar do óptimo Sábado e Domingo até cerca das 6 da tarde, tenho de confessar que este fim de semana as Secas abundaram mais do que o desejado.

um belo encontro...

O que fazer quando semanas após semanas nos convidam para fazer alguma coisa que nao nos apetece nada... com uma companhia tb nao propriamente desejada, mas vá lá... vamos ver, há que dar oportunidade mesmo aquelas pessoas que à partida nao nos dizem muito pois podem de repente surpreender-nos. Lá foi a Mafaldinha ter com o Charles, a um café. Mal chegada, fui totalmente ignorada... ele encontrou lá os seus amigos, e comecou a falar na sua lingua. E eu que me aguentasse. Caricato no mínimo. Mas no fim foi uma noite bem agradável quando depois de me aperceber que ele queria era ver os seus conterrâneos e nao entender muito bem porque é que insistiu tanto p eu ir, lá me iniciei num longo campeonato de matrecos de 2 horas inteirinhas a relembrar tempos de secundário, quando eu corria desamadamente pelo corredor abaixo só para ficar uns dez minutos feliz a tentar marcar golos. Depois era tarde, adeus Charles até à vista, lá me acompanhou à bicicleta, e pediu-me para eu lhe telefonar quando chegasse a casa... Imaginem se eu o fiz. Aposto que ele ainda deve estar preocupado a pensar se eu cheguei bem ou nao. Estou desejosa p o próximo encontro :-)
Mas se calhar, o que se passou nao foi nada mais nada menos que um choque de culturas. Porque por exemplo, uma amiga que tenho das Filipinas diz que ela nunca estava habituada a encontrar os amigos para conversar ou tomar um café. Que quando combina nas Filipinas é para ir ao cinema ou ir ao Shopping ou fazer um desporto, qualquer coisa que implique actividade, e vai-se falando pelo caminho. Se calhar com o Charles ele também acha o mesmo, convidou-me para ir ao café, nao obrigatoriamente para conversar comigo.

esquerda ou direita?

Para os eternos indecisos e os que têem muitas certezas nao percam este teste para saberem onde estao localizados em relacao aos vossos valores de como deve funcionar a sociedade. As explicacoes estao muito boas e depois podem ver se as vossas ideias estao pertinho pertinho do Hitler do Bush ou do Ghandi.

Almoco ou talvez nao

Aqui as festas de Natal sao chamadas de Julefrokost que significa almoco de Natal. Mas quase nunca é almoco... É quase sempre jantar. Quer dizer, o meu comecou às 4 da tarde que em nenhum lado do planeta sensato que eu conheco é almoco ou jantar ou qualquer coisa que se pareca. O tema era a internacionalidade do departmento, havia uma mesa para cada nacionalidade, consoante os embaixadores pertencentes ao instituto. Depois a internacionalidade foi ligeiramente esvanecida quando todos os discursos foram proferidos nessa língua universalmente falada por 5 singelos milhoes de habitantes. Os embaixadores agradecem!
Estes jantares de Natal foi o que mais ouvi falar no ano passado quando cheguei. Que eram uma loucura, que os Dinamarqueses revelavam os seus desejos reprimidos durante todo o ano. Quando se ouve isto, a minha mente imaginativa já estava a ter imagens de tudo para cima de stripteases natalícios. Claro que nada aconteceu... muito calminho e civilizado para espanto da turista observadora.

Mutilacao!!

Que tristeza... Estragaram-me o Blog. Quis mudar a forma como se inseriam os comentários, para ser mais fácil sem passwords sem sign ins. Consegui, mas caí numa armadilha. Apagaram-me os antigos comentários. Como é que é possível? Já andei a investigar... e é mesmo assim, só guardam os comentários que foram criados há mais de 4 meses. O que é isto?? estes Blogosanguinários!! Cuidado... Por isso mil desculpas aos membros mutilados... o blog já nao é o que era sem as coisas todas que disseram.

hoje noite de sucesso...

O que é que fazem uma Portuguesa e 8 Dinamarqueses a desafinar um fadinho com um vinho do Porto a acompanhar? É o meu almoco de Natal. Eu sou a embaixadora da mesa Portuguesa. O problema é fazê-los cantar... Promete!

estava sol

Dia de confusao política, de mudancas... dúvidas, atrás de notícias... Deve ser daqueles dias em que se pode dizer tudo... que ninguem sequer vai reparar, tal o bombardeamento de novidades que se deve ter por todo o lado. Entao se calhar até posso dizer (e esperar que ninguem leia ou que a Rabana esqueca...) que o Santana era o meu ídolo em tempos bem idos... nao sei porquê, acho que quando tinha 13 anos gostava muito dele, seguia as suas aventuras amorosas e tudo. Mas hoje, soube por uma Dinamarquesa do estado das coisas em Portugal. Até saiu no jornal daqui... E eu que cada vez sou menos informada nem me lembrei que hoje era feriado em Portugal e até liguei para a FCT e ouvi um senhor muito educadinho muito simpático a dizer que nem os recursos humanos nem ninguem, que hoje é feriado. Eu lá me queixei da minha sorte e o senhor da dele de estarmos os dois a trabalhar. Que bonito! Pois é, mas ainda nao é hoje que vou dar a minha opiniao política. E a minha mae que pensava que os blogues eram só para Políticos e malucos, vou tentar nao ser nenhum deles, portanto vou ficar caladinha a falar do belo dia que estava hoje.