Decisoes de Ano novo antes do tempo:

O que eu descobri sao as poucas horas em que eu realmente trabalho, desde que me pus a contar mesmo...
E por isso antes que o ano novo seja aquele dia em que me afundo em promessas esquecidas na semana a seguir, vou tentar quebrar a tradiçao, fazendo uma decisao Aqui e Agora.
Pode ser que se cumpra até à primeira semana do ano e por isso já valeu a pena.
Tenho de trabalhar mais.
E para começar apaguei toda a lista de favoritos que nao era relacionada com o trabalho do meu computador do escritório. É que com a lista de 30 blogs, e cada vez a crescer, nao dava já muito tempo para fazer alguma coisa para além disso!!
Nao quer dizer que nao vá ler alguns durante o dia, mas ao menos nao vou picar o ponto a todos os da minha longa EX-lista :-)
Ah e escrever posts durante o dia... Nao mais!!

Afastem-se de mim blogs do Diabo!!

E se o Inverno...

foto: Geir Søyland

- O torna mal disposto
- sem vontade de sair à rua com o frio
- o faz dormir muito mais tempo
- O faz engordar...

Nao procure mais!! Nós temos a soluçao: leia tudo o que quer saber sobre os seus sintomas e como os resolver AQUI

Conflitos Norte Sul

Foto: Charles Dias

Há sempre gafes dos sul europeus quando chegam a terras nórdicas. A clássica é prespegar com duas beijocas na cara lavadinha de um nórdico acabado de conhecer e ele fugir com a cara ao beijo como quem foge com nojo de ranhoca verde.

Mas ontem tive o prazer de me rir de mais uma. Uma Espanhola acabada de chegar, só conhecia um dinamarquês de outros tempos, e este deu-lhe guarida por uns dias até ela arranjar casa. Sendo eles amigos e tendo uma boa relaçao ela esperava que ele lhe dissesse quando ele nao ia aparecer em casa.
Mas aqui a palavra de ordem é INDEPENDÊNCIA e dar satisfaçoes a quem quer que seja nao encaixa na cabeça loura dos vikings.
Ó pois, mas a rapariga estava preocupada às 7 da manha ele ainda nao está em casa, toca de lhe ligar, pode ser que lhe tenha acontecido qualquer coisa.
- Hello?
- Hi, this is Kristian
- Hi it is Carme, are you OK?
- yes!?!?!?!
- ok, sorry

Anna

Foto: António Manuel Pinto da Silva

A Anna, secretária aqui do departamento tao caladinha e sossegada, almoça todos os dias longe da cozinha, sozinha e com o seu jornal.
Parece ter uma vida pacata comum, mas tem muito que contar:
Emigrou jovem para o Canadá, onde criou três filhos. Nao estando feliz com o marido decidiu deixar de fumar e poupar esse dinheiro, porque nao trabalhava, para fugir de volta para a Dinamarca. Poupou até à altura que os filhos já tinham 20 anos. E um dia comprou viagem e veio-se embora.
Deixou a vida e o marido para trás. Sem divórcios, sem discussoes. Ela só nao queria viver com ele mais.
Chegou, e trabalhou na embaixada Canadiana como secretária durante muitos anos.
Passou a pertencer ao clube das caminhadas e esses eram os seus novos amigos. Foi aí que conheceu o seu segundo parceiro, com quem começou a viver e foi muito feliz.
Até ele morrer...
De volta às caminhadas tem agora outro amigo. Mas desta vez cada um tem a sua casa. "Eu já estou velha e tenho as minhas manias", ele leva-a a jantar fora e vêm filmes juntos.
Mas agora ele tem alzheimer e a Anna trata dele.
Há vidas...

O que me Move

Venho aqui responder à sugestao da Menina azul


Foto: Catarina Marques

Sempre vivi em Lisboa, até ao fim do curso, quando escolhi fazer Erasmus na Grécia, mais precisamente em Creta.
Até essa altura tinha a certeza absoluta que queria passar uns tempos fora de Portugal. Durante viagens de verao fascinavam-me as diferenças culturais, conhecer pessoas de outros países e aprender com a sua visao, eu sempre muito observadora... mas muito caladinha.
Creta foi tudo isso e muito mais, calhei num instituto mediterrâneo atulhado de nacionalidades diferentes. Palestinianos, Libaneses, Algerianos, Kenianos, e tb outros europeus, pessoas interessantes e cheios de vontade de partilhar a sua cultura.
Vivíamos todos na mesma residência que mais parecia uma estância de férias, com praia ao perto, montanhas à mao de semear, fins de semana de percorrer a ilha à boleia.
E esse ano transformou-me... parecia que conhecia o mundo e aquilo dava um certo poder, tolerância, e descoberta.
Em Portugal é tudo tao igual... as personalidades, o modo de viver e os ideais. E ali, a descoberta tinha sido quase infinita.
Tinha mudado muito, e apetecia-me continuar aquela experiência.

Acabado o curso concorri para muitas coisas, e a vontade que tinha era de sair mais uma vez. Nao para sempre, só por mais um bocadinho...
E assim foi, calhei na Dinamarca por acaso, uma bolsa para investigaçao por nove meses. Parecia o tempo ideal, sem muito compromisso, apenas para ver.

Aqui foi tao diferente da Grécia... frio, solidao e desconsolo, saudades de morrer. Nao tinha ficado mais tempo se o trabalho que faço e as condiçoes nao fossem tao boas, e ainda mais importante se nao tivesse conhecido o meu viking do coraçao.
Agora aqui estou, sem a mesma sede de estar fora de Portugal. Com saudades mesmo e vontade de voltar em breve.

Viva Utrecht!

Foi por pouco que lá nao fiquei... Este fim de semana fui promovida a Princesa da Dinamarca e fui tratada com o melhor que Utrecht e a Ana Rabana têm para oferecer.
Desde aprender a fazer Sushi, a ouvir a espectacular Big Band de Roterdao, conviver com o famoso Frade das caraíbas... Foi tudo perfeito e com direito a repetir um dia que as saudades apertem mais.

Sexta-feira


Sábado


Domingo




Segunda-feira

Ai que Saudades...

Há saudades e saudades... faltas que doem só de pensar. Nós com a mania da saudade disto saudade daquilo, quando se sabe o que é a verdadeira saudade até custa usar a palavra para outra coisa qualquer...

Sorrisinho maravilha...

Aqui, o sorrisinho a estranhos é prática comum.
Qualquer pessoa que se cruze connosco nao desvia o olhar ou nos olha para os sapatos novos, olha mesmo olhos nos olhos e dispara o sorrisinho bem educado.
Ao príncipio eu achava que isso era bonito, sinal de frontalidade e simpatia com o estranho.
Mas pouco a pouco sinto-me mais desconfortável com esse olhar e sorriso.

Acho que deve estar mesmo integrado em mim desde pequena, nao sorrio para estranhos. Para um amigo é o maior sorriso do mundo, mas se sorrio para um rapaz na rua ainda pensa que estou no engate! (ai que menina séria...)
Experimentem, se estao em Portugal, e se vao no metro quando cruzarem o olhar com alguém sorriam, para ver o que a pessoa faz.
Hipóteses:
1. desvia o olhar e nao sorri de volta
2. Pensa: "será que o conheço de algum lado?"
3. Pensa: "Este gajo deve ter ganho a loteria..."
Tb nao é para olhar fixamente, senao ainda levam uma bofetada.

Já me sinto uma Dina...

Foto: Torben e Marie Ager

Entao nao é que hoje fui votar para as autárquicas de Copenhaga?! Com muito espanto meu lá recebi um cartao de voto em casa há umas semanas, e hoje devia comparecer na escola mais próxima e exercer o meu dever(?!?)
Um bocado estranho... Lá me informei mal e porcamente sobre as possibilidades em que votar. Porque é um bocado díficil para quem nao percebe a língua ouvir debates e formar opinioes, resta-me perguntar às pessoas e tal.
Nao posso votar em mais nada, porque para legislativas e europeias tem de se ser nacional do país. Mas até sabe bem ir lá pôr uma cruzinha :-)
Depois fiquei nervosa porque queria perceber tudo o que me diziam. Senti assim o dever de aumentar as minhas capacidades linguisticas Dinamarquesas, nao vá eles exaltarem-se com o facto de uma estrangeirinha estar para ali a mandar postas de pescada sobre quem deve liderar a câmara e no fundo nem perceber a língua.
Aqui vota-se à terça, e quem nao estiver no país pode votar antes na câmara, e nao há cá inscriçao na Junta de freguesia nem cartao de eleitor. Uffa até sabe bem tanta simplicidade.

Tá-se!

Foto: J.R.Garcia

Uma semaninha Alôni no laboratório! Sozinha sozinha tb nao queria, mas assim com o grupo restrito de duas técnicas, um recente PhD do mais giro e simpático que alguma vez este laboratório já viu e mais um companheiro de gabinete muito converseiro.
Ou seja... Estado Zen... No stress de reunioes e gráficos e arranja aqui isto e como é que se chama aquilo.
Foi tudo para uma conferência nos Camaroes em que eu nao me inscrevi porque nao sabia se estava cá nesta altura.
Mas nem tudo é paz... Nos Camaroes é só alta tecnologia! O centro de conferências tem internet Wireless e o meu workaholic supervisor já me anda a mandar mails e a pedir resultados.
A ver se o calor tropical lhe acalma os neurónios excitados :-)

A língua Dinamarquesa é muito traiçoeira...

Mais uma brejeirice... devo estar a voltar aos tempos aúreos da idade das asneiras.

uma mulher - a Mulher - mulheres

en kone - Konen - koner

Como é que os doces salgados cá vieram parar?

Hoje a passear pela cidade tive uma inspiracao momentânea motivada por um reclame luminoso, o reclame velhinho explicava o que os Dinos já esqueceram...
Estes apetitosos docinhos pretos que aqui vêm, sao o maravilhoso Lakrids. O terror de todos os estrangeiros quando vêm parar pela primeira vez a países do norte.
Isto porque estes projectos de doces sao os favoritos dos vikings amargos e por isso querem oferecer a sua maravilha a toda a gente.
A reaccao de qualquer imprevidente apanhado nesta armadilha é imediatamente cuspir a terrível pastilha peganhenta e amarga. Como é que alguem pode considerar aquilo um doce?!
Hoje no reclame (ó pá deixem-me lá usar esta palavra mais uma vez :-) dizia:
O tempo Dinamarquês é tempo de Gajol.
Ora Gajol é uma marca dos malfadados doces. Nem mais. Está explicado. O frio o vento e a dôr de garganta sao combatidos activamente com estes doces amargos que só podem ser bons para a tosse. Bem o meu avô dizia que O que arde cura e o que aperta segura .
Mas a minha conviccao é que esse lakrids, tem qualquer componente aditivo. É que eles comem aos montes! Desde pequenos a levar com aquela cura... e chegam a graúdos nao há dôr de garganta que os apanhe nem dia sem Lakrids.
Bem, o que eu estou a pensar é importar este componente para Portugal e tentar abrir um negócio de venda destes doces mal amados, nao sei como é que vou habituar a populacao à coisa. Mas se resultar... Imaginem, é fortuna garantida!
Nao há Dr.Bayard que resista!
E o que é certo é que eu já estou viciada... (ups...)

Finalmente! COISAS que já faziam falta!

Amigos nao temam mais! A grande inventora de teorias está aí! É ela, a mestre, essa personalidade do mundo do evolucionismo da dança e da psicologia, a multifacetada sempre bem disposta e viajada DIANA

As viagens intergalácticas da minha mente

A minha mente tem momentos intermitentes de paragem cerebral, paragem penso eu, porque fico completamente desligada da realidade que me rodeia, mas no fundo, a mente, essa maluca anda aí a viajar pelo o universo e mais além.
Só pode... Tem de haver algum motivo nobre, alguma razao mais forte, algum percurso ordenado pelo grande senhor intergaláctico que é urgente de ser executado.

Só assim se explica o deitar fora de 16 tubos prontinhos, depois de perder um dia a prepará-los, e ter a imagem nítida de estarem no frigorífico.
Depois de percorrer todos os cantos e recantos encontro-os rodeados de milhares de outros tubos no meio do desperdício mal cheiroso de um laboratório.

Eu compreendo, a minha mente preciosa é necessária noutros confins do universo e eu, pessoa generosa e altruista, deixo e permito-me andar por aí esvaziada de qualquer ligaçao à terra.
Isto já se passava durante os meus 18 anos quando o instrutor de conduçao batia as palmas para me acordar do meu estado dormente de olhos abertos e maos no volante.
Mafalda tu desligas de vez em quando...

Passa-se todos os dias ao pequeno almoço, em que olho para a janela, enquanto como à velocidade de duas migalhas por hora, e perco tempo a olhar pela centésima vez para a composiçao dos cereais.

Mas deitar tubos fora?!?! Isso Nunca me tinha acontecido.

Eu Já sabia!

You Belong to London



A little old fashioned, and a little modern.
A little traditional, and a little bit punk rock.
A unique woman like you needs a city that offers everything.
No wonder you and London will get along so well.

What City Do You Belong In?

O sonho da roulotte...

Sempre tive em ideia que partir pela estrada num carrinho, dormir onde a paisagem calhasse mais abensonhada, escolher o trilho ao sabor do destino e chegar onde o mapa acabasse era um bom programa de férias.
E nesta ida ao Canadá isso aconteceu. Tivémos o carro do amigo do Timme com colchao incorporado e foi a nossa casa durante dias de ON THE ROAD Babe!

Mas todos os sonhos têm os seus banhos de realidade quando sao experimentados. Afinal era um bocado díficil escolher o local maravilhoso: ou era privado, ou dizia claramente: Proíbido acampar.
O que nos dava certos problemas quando o Joao Pestana já nos batia à porta mas cadê da falésia sobre o rio virada para o nascer do sol?!?!
Houve um dia que acabámos por dormir entre um banco e uma escola primária, com um holofote a abrir-nos a pestana...

Utrecht Vs Copenhaga: 1 igual

Copenhaga vai a Utrecht e Utrecht vem a Copenhaga. Vai ser assim a programaçao das festas para Novembro e Dezembro!
A minha Menina azul vai-me mostrar os seus peixinhos e eu vou-lhe mostrar os meus esconderijos.
Ai que bom!
É que esta vida de bióloga nao é nada fácil... Ter os amigos todos espalhados por inúmeros países... Vê-los no Natal e com alguma sorte no verao. Nao é justo...
Eu bem vejo o Timme aqui na Dinamarca, tem uma vida normal, conheceu pessoas excelentes na faculdade, e hoje em dia convive com elas, vê-os a assentar a ter filhos, a trocarem umas cervejolas.
E eu, a falar com os meus amigos raramente, a ter de apanhar um aviao para ter umas boas gargalhadas a relembrar velhos tempos, fazer milhares de quilómetros e esperar por um casamento para ter uma noite de memória.
É claro que também tenho amigos aqui. Mas sempre que reencontro os velhos amigos, vejo como aquilo é tao mais...

Mas por dois fins de semana vou esquecer tudo isso... ou quase...

Perdoem-me a brejeirice

A minha gargalhada ontem na aula de Dinamarquês:

Verbo nascer:
Nascer - presente - passado - perfeito

at føde - føder - fødte - født

E ainda me rio mais um bocado que o dia de anos se chama Fødselsdag.

2 anos?!

Faz hoje dois aninhos que eu aterrei pela primeira vez em Copenhaga.
Há dois anos vinha eu fresquinha e cheia de expectativas... A pensar que ia ter um segundo Erasmus, no entanto vinha com algum medo dos nórdicos e da sua frieza conhecida.
Fui para o meu primeiro poiso levada pela senhoria que me foi buscar ao aeroporto, e descobri que a casa onde ia morar, que tinha um quarto muito bonito de paredes azuis, tinha um pequeno senao... Nao havia Duche!
Depois do escândalo inicial, lá me habituei a tomar banho na piscina ou na faculdade mas totalmente inconformada com a situaçao.
Nesses tempos iniciais andava contente de bicicleta por entre a chuva de Novembro 40 minutos para chegar ao trabalho, saía todos os dias que houvesse programa porque me queria integrar e conhecer pessoas. A alegria e entusiasmo da chegada ao desconhecido deu-me assim uma energia e vontade que ainda recordo com um sorriso.
Agora é tudo tao diferente, mais calmo e acomodado, só ando 20 minutos debaixo de chuva e tenho duche... :-)