quinta-feira, julho 27, 2006

O mundo maravilhoso da Bimby!

Foto: K&S@Flickr

Venho-vos aqui falar da minha companheira inseparável na cozinha, das horas a menos que eu lá passo, dos amigos deliciados e dos cozinhados que eu faço que nunca pensei conseguir...

Nunca cozinhei na vida, apenas quando vim viver para a Dinamarca com 24 anos em que tive de demonstrar a mim mesma dotes culinários se não queria passar o resto dos dias a comer pão com manteiga e massa com legumes.

Passados uns meses de comer os mesmos 5 pratos que já enjoavam, trouxe o meu presente de emancipação dado pela minha mãe linda.
A Bimby é um espectáculo! Com ela faço tudo aquilo que eu nunca pensei ser possível fazer numa cozinha comandada por mim.
Gelados, doce de ovos, pão de ló, feijoada, empadas, pastéis de bacalhau e até pastéis de nata.
Tudo em três tempos e a evitar o percurso de olhar para o tacho, mexer o tacho... ver em que ponto está o tacho.

É cozinha eficiente! E acredito mesmo que o futuro é a Bimby.
Assim mais ou menos como a revolução da máquina de lavar roupa em gerações anteriores. Havia sempre quem dissesse que aquela invenção era só para roubar dinheiro, e que a roupa ficava muito mais bem lavada à mão.
"Roupinha minha não precisa de uma máquina ali a mexer e a estragar"

Ah pois... Sem Bimby sinto-me no século passado!

Cá em Copenhaga sou conhecida pela Mafalda da Bimby - que faz uns doces óptimos.
E sempre que há um jantar lá levo eu qualquer coisa, porque na Bimby é tão fácil e não custa mesmo nada.

Para vossa sorte, imaginem que conheço a MELHOR demonstradora de Bimby do mundo.
E quem quiser conhecer e ainda ter um jantarinho agradável e pasmar com a rapidez da coisa, façam o favor de me mandar um mail ou deixar um comentário que eu ponho-vos em contacto com a fada da Bimby.

terça-feira, julho 25, 2006

Aqui derrete-se

Foto: Vintage people

Os Dinamarqueses têm muita graça.
Não estão habituados a calor...
Ficam felizes, alguns bufam, outros entram em histeria...

É bonito de ver!
Um exemplo de dar estalos na cara:
Hoje no trabalho:
- Olá estás de volta! Como é que foram as férias?
(cara de seca, de sacrifício e suspiro longo...) - Too warm!
- Too warm?! ok... For me it's Perfeeeecttt!

Depois há exemplos de histeria.
- Andam Descalços por todo o lado! No supermercado... que nojo!
E agora passou aqui um no laboratório descalço e com a planta do pé preta!

segunda-feira, julho 17, 2006

Vida de ciclista

Pois é, a maravilha de andar de bicicleta para todo o lado não são só rosas.
Estava eu calminha a relaxar de volta para casa, (escolhi uma rota alternativa para ir junto aos lagos e viver o verão...)vejo um cão ao longe a correr, e o meu primeiro pensamento foi:
Bem, se fosse em Portugal já estava cheia de medo porque tenho sempre a impressão que os cães se atiram às perninhas do ciclista.
Mas aqui já tinha experimentado várias vezes passar ao lado de cães e eles ficarem na sua, ignorarem-me no meio de tanta bicicleta.

Eu a pensar no cão inofensivo, este começa a ser perseguido por outro cão, acelera na sua rota e muda de repente de direcção, vindo-se escarrapachar totalmente na roda da minha bicicleta, que dá uma guinada e se espeta na minha perna.

Ainda fiquei a olhar para o cão a ver se ele estava bem sem perceber muito bem se tinha sido eu a atropelá-lo ou ele a mim.

Depois vem a dona a desfazer-se em desculpas, eu a pensar que ela se ia queixar porque eu não podia andar ali de bicicleta, mas pelos vistos o cão também não podia andar sem trela.
Acordámos que eu e o cão estávamos bem e seguimos o nosso caminho, eu com uma perna bem mais colorida e o cão com um galo ou coisa do género.

sexta-feira, julho 14, 2006

Raparigas Dinamarquesas

Foto: Martin White

Generalizando um bocado, posso dizer que são raparigas puco doces, pouco compreensivas. Nao as consigo enquadrar na imagem que tenho do feminino (em relaçao à personalidade).
Deve ter a ver com o facto de serem muito independentes, a emancipação da mulher começou desde muito cedo na Dinamarca e gaja que é gaja aqui no norte faz tudo sozinha, precisando de pouco apoio para qualquer que seja a actividade.
Isso deu-lhes uma certa dureza.
Nao jogam conversa fora.
E se fazes uma coisa mal, não há cá desculpas, o dedo inquisidor fica apontado. Até doi!

Na minha semana intensa de Dinamarqueses, reparei que havia uma rapariga assim mais molinha, mais princesinha, que gosta de deitar conversa fora, de dizer pelo menos umas três vezes: "Ai que belo passeio que hoje fizemos!".
Que pergunta - "como vais? como estás?"
Que sorri só porque sim.
Que fala do futuro e dos sonhos e pergunta sobre a família e os irmãos.
Que pede ajuda montes de vezes.

Mas por acaso sei o que os outros falam dela: que é chata! que é metediça, que não consegue fazer nada sozinha.
Nos estrangeiros devem tolerar outros comportamentos mas numa Dinamarquesa, é logo apelidada de estranha.

quarta-feira, julho 12, 2006

Socorro!

Tenho um viking em casa possesso com o calor.
O rapaz berra, bate com as portas, tem acessos de raiva, põe a casa toda em corrente de ar, numa ventania que me obriga a vestir o casaquinho.
Eu nunca o vi assim!
Está calor e estas casas são um forno porque estão preparadas para o inverno.
Mas até sabe bem!
Enfim, vejo-o a barafustar e preocupo-me: "Como é que eu o vou levar para Portugal?"

segunda-feira, julho 10, 2006

Semana lost in translation

Então eu vou contar só um bocadinho para não receber as bocas do costume:
Vá lá... não sejas pessimista, aproveita a vida! Não deve ter sido assim tão mau... Esquece lá isso, e outros mimos do género.
Para mim férias é risota, é sol, é passear, é aprender, é falar, aproveitar cada momento e sentir o sabor da vida!
E numa casa rodeada por Dinamarqueses por todos os lados é quase impossível cumprir os pré-requisitos para uns dias serem chamados férias.
Não é que as pessoas fossem parvas, más, estúpidas ou me fizessem mal.

Mas são Dinamarqueses. Têm lá a sua forma de conviver, muito diferente da minha e difícil de explicar por palavras mas na qual não me consigo integrar.
O dia passava-se bem, entre joguinhos, banhos de sol, vólei, brincar com os miúdos, conversas esporádicas.
A noite era um tormento, um verdadeiro atentado à minha natureza.
O jantar era lá pelas sete, em que a comida era deliciosa posta na mesa sem que eu movesse uma palha.
Lá que são organizados são: toda a gente tinha um dia de cozinhar e arrumar e o resto do tempo era papo para o ar!
Mas depois do jantar, reuniam-se como um clã à volta da mesa, numa conversa única. Sem conversas paralelas, por mais que eu tentasse meter conversa com o vizinho do lado, percebia que o estava a atrapalhar na participação da conversa geral que se dava com intervenções alternadas por uma ou outra pessoa, que provocava gargalhadas nas outras todas.
Embora o meu nível de Dinamarquês seja razoável, não dava para seguir aquele nível de piada e ironismo, de bate boca, e mesmo com traduções esporádicas do meu T. a coisa não ia lá.
It is just not fun!
Retirava-me para a sala e ia ler o meu livro ouvindo as gargalhadas lá fora...

terça-feira, julho 04, 2006

Até segunda! (II)



Aqui vou eu para Bornholm - A ilha Dinamarquesa onde o sol sempre brilha! (A ver...)

Vou para casa de uns amigos do Timme e vamos acampar no jardim, pois ao todo seremos 24 adultos e 4 crianças!
Se fossem Portugueses, eu iria cheia de vontade e a pensar que ia ser a loucura total.
Mas sendo todos Dinamarqueses, parece que vou para um campo de concentração, em que tenho de manter o sorriso mesmo sem perceber puto do que eles dizem e ser simpática sempre que decidam ter a generosidade de falar Inglês comigo.

Vou levar dois livros! E brincar com os putos!

Ai as minhas cruzes...

Fotos: Jonaswho

Voltei! Meia rota, com dores em todas as partes das costas, com herpes, com cabelo à palha-de-aço que talvez depois de muita máscara vá voltar ao lugar, mas acho que escapei aos piolhos! Ufa!
Eu, completamente inexperiente em festivais de verão decidi aos 26 anos ir ao maior da Europa que chegou a ter 75.000 gatos-pingados.
Acima vêm o ponto de encontro. A árvore mais gira do local.


Aqui, a desilusão: todos os concertos estavam apinhadíssimos. Tendo uma pessoa de se contentar com um lugar fora da tenda, sem experienciar o todo do concerto. Nomes conhecidos, esquece, ou se estava lá uma hora antes a marcar lugar ou estava-se fora a contentar-se com as migalhas.


Por isso o que gostei mais foi de ver bandas que não conhecia, e o contacto directo e próximo faziam de quase todas uma grande experiência!
Vi Birdy Nam Nam, Death cab for cutie, Tied and Tickled Trio, Kieran Hebden, Ms John Soda, Rumpistol, Insen.

E dos nomes grandes vibrei com dEUS, Guns and Roses, Tool, Placebo e principalmente o melhor dos melhores Roger Waters... Como é que música feita há trinta anos faz emocionar daquela maneira ainda nos dias de hoje?!

Desilusões foram Goldfrapp a miúda ficou doente e não apareceu.
Sigur Ros não deu para ver... Cheio de mais! E experienciar aquela música espiritual com milhares de pessoas a falar, a passar, a pedir com licença... é estragar algo muito bom.

No fim, vinha cheia de informação, nem mais uma nota este tímpano podia experienciar.


A organização do festival foi qualquer coisa de espectacular. Eu nunca tive em nenhum grande festival em Portugal, por isso não dá para comparar.
Mas neste havia acesso para cadeiras de rodas para todos os palcos, havia assim um tipo de um camarote com acesso fácil onde se viam muitas cadeiras de rodas. Impecável!
Ah e davam água em todos os concertos, até no concerto de Tool, no meio do moche, haviam copinhos de água a passar, e os grandalhões, paravam os pontapés só para dar um golinho :-)


Ai se estas paredes pudessem falar...
Choravam de dor! Pois durante 4 dias foram banhados com urina de 75.000 bebedores constantes de cerveja. Um cheiro pestilento!
Só cheirado contado ninguém acredita...

As minhas narinas já estão a recuperar e o que fica são as memórias de um fim-de-semana muito bom!

segunda-feira, julho 03, 2006

e eu lá no meio caladinha...


Vi o jogo no festival, que estava pejado de Ingleses. Tinham lá um grande ecrã e eu estava rodeada de Ingleses por todos os lados, eram para aí 2 mil, sem exagero!
Só vi três t-shirts de Portugal e estavam muito longe de mim, e ainda mais calados que eu.
Foi duro! O que vale é que tinha mesmo ao lado, por acaso, uma Dinamarquesa adepta fervorosa de Portugal.
Bem a rapariga fazia cá um chavascal que eu e principalmente o T estávamos com um bocado de medo da reacção dos Ingleses. Cada vez que os ingleses falhavam ela soltava uma gargalhada poderosa de gozo! E sempre a mandar os Ingleses falhar em alto e bom som!
Mas foi lindo!
E ver os Ingleses todos a saírem caladinhos?! No caminho até ao local do festival não se ouvia mosca.