quinta-feira, dezembro 23, 2004

abertura instantânea

Uma das coisas que tinha saudades é de ouvir as conversas das pessoas na rua, no autocarro, nos caminhos e nas filas sempre que lhes dá um ataque de queixa ou de nostalgia que digamos que é muito frequente. Já que o Xinamarquês faz de mim uma pessoa muito mais correcta e menos curiosa pois não ando por aí a ouvir as conversas dos outros! Pois em plena esplanada encerrada do Barbas, uma fila de velhotes tal como lagartos ao sol a aproveitarem os raios preciosos de dezembro, e eu deliciada a ouvir tudo o que podia. Então não é que uns se queixavam que no Natal havia monstros que deixavam os velhotes sozinhos nos hospitais, porque não os queriam levar para casa, e que havia filas e filas de velhotes nos corredores já com alta à espera de família que nunca chegava. Fiquei triste de ouvir aquilo, e acho que não me convenceram, não acredito mesmo naquela maldicência, e não tive coragem para perguntar as fontes daquela senhora mal amada. Mas fez-me lembrar que esta época se calhar tem mais de tristezas do que alegrias. As tristezas da família ou amigos que não existem... ou que já foram... vêm ao de cima, as saudades são mais dolorosas. Enfim, mas valem a pena se implicarem mudança de atitude de vida de mudar o que está errado para que no próximo natal haja aquilo que é prometido pelas imagens de neve, família, alegria e compaixão.

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