segunda-feira, julho 10, 2006

Semana lost in translation

Então eu vou contar só um bocadinho para não receber as bocas do costume:
Vá lá... não sejas pessimista, aproveita a vida! Não deve ter sido assim tão mau... Esquece lá isso, e outros mimos do género.
Para mim férias é risota, é sol, é passear, é aprender, é falar, aproveitar cada momento e sentir o sabor da vida!
E numa casa rodeada por Dinamarqueses por todos os lados é quase impossível cumprir os pré-requisitos para uns dias serem chamados férias.
Não é que as pessoas fossem parvas, más, estúpidas ou me fizessem mal.

Mas são Dinamarqueses. Têm lá a sua forma de conviver, muito diferente da minha e difícil de explicar por palavras mas na qual não me consigo integrar.
O dia passava-se bem, entre joguinhos, banhos de sol, vólei, brincar com os miúdos, conversas esporádicas.
A noite era um tormento, um verdadeiro atentado à minha natureza.
O jantar era lá pelas sete, em que a comida era deliciosa posta na mesa sem que eu movesse uma palha.
Lá que são organizados são: toda a gente tinha um dia de cozinhar e arrumar e o resto do tempo era papo para o ar!
Mas depois do jantar, reuniam-se como um clã à volta da mesa, numa conversa única. Sem conversas paralelas, por mais que eu tentasse meter conversa com o vizinho do lado, percebia que o estava a atrapalhar na participação da conversa geral que se dava com intervenções alternadas por uma ou outra pessoa, que provocava gargalhadas nas outras todas.
Embora o meu nível de Dinamarquês seja razoável, não dava para seguir aquele nível de piada e ironismo, de bate boca, e mesmo com traduções esporádicas do meu T. a coisa não ia lá.
It is just not fun!
Retirava-me para a sala e ia ler o meu livro ouvindo as gargalhadas lá fora...

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