Parte I - O gajo

O T. não gosta de mudanças em geral nem em particular.
Adora a mesinha na cozinha onde pode jogar jogos com os amigos e acha que a máquina de lavar iria remover esse prazer da sua vida.
Faz declaracoes saudosistas à mesa tipo:
“Vamos aproveitar este lugar bem, porque para a semana já não o podemos fazer...”

O facto é que a máquina está lá e a mesa também, sofreu uma mudança de 30 cm, deu-se o milagre da cozinha em que não cabia nada e já cabe tudo...

Para o T. tudo é um grande investimento, porque aquela não é a nossa casa, e não planeamos ficar lá muito tempo, mas como quem não quer a coisa já ficámos 4 anos e pelo menos mais um vamos ficar.

As conversas diplomáticas chegaram ao ponto de ele dizer que se ele fosse pai solteiro iria apenas usar a máquina do prédio e não iria instalar nenhuma máquina no apartamento.
Quando se chega a estes termos, uma mulher grávida tem de usar o truque mais baixo mas mais eficiente - chorar à noite agarrada à almofada a dizer que quer uma máquina de lavar... que em Portugal teria direito de certeza a máquina de lavar mais carro mais quartinho para o bebé.